segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quase um mês sem internet...

Parece conspiração do além. Nunca tenho boas notìcias daqui... A mais recente, é que estou praticamente sem internet hà quase um mês. Foram três semanas tentando informaçoes com France Télécom Antilhas, finalmente fomos informados que estão realizando reparos no cabo submarino e que, enquanto isso ficaremos sem acesso adequado. O triste é que a previsão é de mais um mês com esse fluxo ineficiente. O pior foi ouvir do diretor local que, como o acesso não foi totalmente suspenso, os clientes não terão direito a desconto pelo tempo do deserviço.  Parece piada considerar um fluxo de 8 kbps suficiente para alguma coisa. Isso é Guiana! Por aqui eles podem tudo. Parece muito com algumas cidades do Nordeste brasileiro onde ainda vemos a triste figura do "Coronel". Continuo com a premissa de que encontramos o pior dos paìses pobres por aqui. E ainda tentam convencer que a França também é isso aqui... Corrupção e desiqualdade para dar e vender...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Depois de merecidas férias...

Voltei aqui no blog, depois de alguns meses sem vontade para nada. BOM mesmo nesse interim foi passar quinze dias de férias no Rio. Quando a gente fica longe valoriza o lugar que ama.  De volta em Kourou aquela mesma nuvem negra que me acompanhava reapareceu. Bem, devo confessar que nem so de làgrimas tenho vivido. Felizmente tenho encontrado gente legal também por aqui. Hoje assisti um filme iraniano, gosto muito de alguns, não sei se pela vulnerabilidade emocional minha atual, fiquei extremamente tocada pela historia. Temas relacionados com os conflitos de gênero em pleno século 21, na verdade, não deveria nem chamar de conflito, é inadmissivel uma mulher sofrer violências inimaginàveis pelo simples fato de ser do sexo feminino. Deixo aqui a dica para esse filme...

O APEDREJAMENTO DE SORAYA M (THE STONING OF SORAYA M) - 2008 

diretor: Cyrus Nowrasteh

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Saùde para quem?

Quando cheguei na Guiana, vendo as condições de precariedade da população pobre, perguntei sobre a possibilidade de trabalho de ONGs na saùde local. Para minha surpresa fui informada que, como se trata de parte da França, não hà qualquer trabalho dessas organizações na saùde, o governo francês é responsàvel por suprir as necessidades integrais no que se refere a saùde. Teoricamente seria funcional se as condições econômicas e sociais da população geral fossem semelhantes as encontradas na França de fato. Por aqui, o cenàrio é bem diferente, o que vemos é um grande contingente da população vivendo em condições de saùde precàrias e tendo suas necessidades negligenciadas. Com poucos estabelecimentos de saùde e escasso numero de profissionais, não se pode  esperar, a curto prazo,  uma melhora na taxa de  expectativa de vida da população. Além do problema quase que inevitàvel causado pelas doenças tropicais endêmicas como dengue e malària, vemos que por falta de uma melhor assistência preventiva, doenças como AIDS, diabetes e hipertensão arterial severa vem contribuindo muito para o agravamento desse quadro. Se por um lado o que contribui parece ser essas caracteristicas étnicas e socio-econômicas da população, por outro vejo que o perfil de profissionais da saùde que encontramos por aqui não é muito acalentador. A grande maioria desses profissionais é enviada da França como expatriados e, provavelmente chegam com um ùnico objetivo final que é ganhar dinheiro. Vejo que para muitos aqui o paciente não é visto como "fim" e sim como "meio".  Me chocou esse tipo de comportamento apresentado por médicos e enfermeiros. Não sei se por dificuldades de relacionamento ou diferenças na formação acadêmica, ficou inevitàvel a comparação com médicos que conheço e convivi no Rio de Janeiro, no setor pùblico e privado. Aqui, com raras exceções, o médico nem olha para o paciente, hà um distanciamento constrangedor e uma sensação de desconforto nessa relação médico-paciente. Quanto mais ràpida for a visita melhor para ele,  contato fisico ou cumprimentos nem pensar, isso tudo não me parece apenas por necessidade de atender mais pacientes em curto espaço de tempo, sinto que é simplesmente por medo ou mal estar no processo interpessoal. Aqui o profissional tem medo do paciente.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A culpa é da brasileira...



Definitivamente, a Guiana e eu não somos compatíveis. Quando penso que entendo um pouco disso aqui, sou surpreendida por novos produtos locais, por vezes assustadores. Posso afirmar que a Guiana é um modelo sem lógica, mesmo sabendo que a lógica não é uma lei absoluta que governa o universo. Temo pelo futuro, pobre de quem permanecera, participando dessa sociedade afetada que se forma descompassadamente. Me tranquiliza saber que não ficarei aqui por muito tempo. Vejo com preocupação esse ajuntamento disforme das diferentes "tribos" que formam a Guiana. As pessoas chegam e rapidamente apoderam-se do pior que a sociedade local tem a oferecer. Ninguém se sente parte desse todo logo, não se responsabilizam por nada. O poder local, por outro lado, age com excesso de eufemismo, possivelmente para garantir a satisfação e "paz" local.  Observando mais próximo uma fatia desse bolo, formada pela população de imigrantes brasileiros por exemplo, se por um lado vemos boa parte que ingressou nesse barco, com o simples objetivo de fugir da pobreza e abandono nas regiões norte e nordeste do Brasil, vemos também que muitos chegam já perdidos por aqui, buscando vida fácil e acreditando na lenda do dinheiro que nasce em árvores. Quase todos de baixa ou nenhuma escolaridade, acabam mantendo o mesmo estilo de vida, regado com álcool e baderna. Piora muito quando vemos a situação da mulher brasileira que faz esse processo de  imigração. Muitas casam com franceses que mal conhecem, não falam francês e eles tampouco o português. Recentemente, fui testemunha de uma cena que seguramente só existe por aqui, uma brasileira, casada com um francês e que esta a pouco tempo morando aqui, quando perguntada sobre o nome do marido para um cadastro , já que havia deixado o espaço sem resposta no formulário, não soube responder. Ligou para o marido e pediu para que a pessoa interessada perguntasse-lhe o nome. Fiquei tão chocada com a situação. Sei que por aqui, isso é comum. Casais que não conversam, ou nunca conversaram e que não sabem nem sequer seus nomes. Penso em que tipo de relação estão inventando por aqui, familias que não compartilham nada. Não estou querendo enquadrar as brasileira na falácia do espantalho, como muitos fazem por aqui. Quer dizer, desqualificar para melhor atacar. Contudo, por ser mulher e, principalmente, brasileira também, fico sim indignada com essa desvalorização humana de ambos os lados. Vejo o péssimo julgamento, na verdade chega a ser uma condenação preconceituosa, que fazem das brasileiras. Na postagem anterior, falei da ponte fechada para reparo por ameaça de desabamento. Pois bem, uma profissional que visitamos em Caiena, nativa local (criola), afirmou, indiretamente, que era culpa das brasileiras a ponte estar fechada e o todo caos formado a partir dali. Explicando melhor o absurdo do raciocínio, segundo a mesma, os franceses que trabalham para o governo não fazem nada por que, chegam na Guiana e arrumam logo uma mulher brasileira. E continuando, falou que eles acabam perdendo tudo por que são enrolados pelas brasileiras e que isso sim era muito bem feito. Com isso podemos medir o grau de confiabilidade que a reputação das brasileiras alcançou e melhor, o grau de preconceito contra as mesmas. Isso é Guiana, sei que acontece também em outras terras...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Engarrafamento na selva amazônica



Só mesmo aqui na Guiana Francesa, lugar estrategicamente abandonado pela França, podemos ver uma coisa bizarra como essa. Um engarrafamento de mais de quatro horas em pleno nada, no meio do mato. Como tudo por aqui, o governo local, apesar de receber muitos Euros proporcionados pela base espacial em Kourou, não faz o mínimo necessário para manutenção em condições razoáveis do equipamento público geral. O que vemos é uma região que ninguém afirmaria, se não informado previamente, ser a localização do centro espacial europeu. Como não fazem o dever de casa direito, deixaram sem manutenção a única ponte que liga a cidade de Caiena a Kourou. O resultado da irresponsabilidade foi a constatação tardia de que a estrutura da ponte estava preste a ruir, inclusive, um pilar jà havia afundado no rio. Decidiram pelo interrupção do fluxo em uma das faixas e hoje, fechamento da ponte para reparos. O problema é que esta era a única via  relativamente segura de Kourou para Caiena. Uma outra opção para se sair da cidade, onde vemos na foto, é estreita, perigosa e sem nenhuma iluminação a noite. Para piorar ficamos sabendo que uma das pontes de metal nesse acesso também está prestes a cair. Quem precisa, irà se arriscar, não terá saída. Ficamos ilhados em Kourou, provavelmente não haverá entrega de mercadorias na cidade por falta de rota para os caminhões, pela manhã, todos corriam para os mercadinhos a fim de garantir suas sobrevivências até que tudo se normalize. Que coisa... Isso é Guiana, você não vai acreditar (slogan da secretaria de turismo)...