sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Saùde para quem?

Quando cheguei na Guiana, vendo as condições de precariedade da população pobre, perguntei sobre a possibilidade de trabalho de ONGs na saùde local. Para minha surpresa fui informada que, como se trata de parte da França, não hà qualquer trabalho dessas organizações na saùde, o governo francês é responsàvel por suprir as necessidades integrais no que se refere a saùde. Teoricamente seria funcional se as condições econômicas e sociais da população geral fossem semelhantes as encontradas na França de fato. Por aqui, o cenàrio é bem diferente, o que vemos é um grande contingente da população vivendo em condições de saùde precàrias e tendo suas necessidades negligenciadas. Com poucos estabelecimentos de saùde e escasso numero de profissionais, não se pode  esperar, a curto prazo,  uma melhora na taxa de  expectativa de vida da população. Além do problema quase que inevitàvel causado pelas doenças tropicais endêmicas como dengue e malària, vemos que por falta de uma melhor assistência preventiva, doenças como AIDS, diabetes e hipertensão arterial severa vem contribuindo muito para o agravamento desse quadro. Se por um lado o que contribui parece ser essas caracteristicas étnicas e socio-econômicas da população, por outro vejo que o perfil de profissionais da saùde que encontramos por aqui não é muito acalentador. A grande maioria desses profissionais é enviada da França como expatriados e, provavelmente chegam com um ùnico objetivo final que é ganhar dinheiro. Vejo que para muitos aqui o paciente não é visto como "fim" e sim como "meio".  Me chocou esse tipo de comportamento apresentado por médicos e enfermeiros. Não sei se por dificuldades de relacionamento ou diferenças na formação acadêmica, ficou inevitàvel a comparação com médicos que conheço e convivi no Rio de Janeiro, no setor pùblico e privado. Aqui, com raras exceções, o médico nem olha para o paciente, hà um distanciamento constrangedor e uma sensação de desconforto nessa relação médico-paciente. Quanto mais ràpida for a visita melhor para ele,  contato fisico ou cumprimentos nem pensar, isso tudo não me parece apenas por necessidade de atender mais pacientes em curto espaço de tempo, sinto que é simplesmente por medo ou mal estar no processo interpessoal. Aqui o profissional tem medo do paciente.