terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A culpa é da brasileira...



Definitivamente, a Guiana e eu não somos compatíveis. Quando penso que entendo um pouco disso aqui, sou surpreendida por novos produtos locais, por vezes assustadores. Posso afirmar que a Guiana é um modelo sem lógica, mesmo sabendo que a lógica não é uma lei absoluta que governa o universo. Temo pelo futuro, pobre de quem permanecera, participando dessa sociedade afetada que se forma descompassadamente. Me tranquiliza saber que não ficarei aqui por muito tempo. Vejo com preocupação esse ajuntamento disforme das diferentes "tribos" que formam a Guiana. As pessoas chegam e rapidamente apoderam-se do pior que a sociedade local tem a oferecer. Ninguém se sente parte desse todo logo, não se responsabilizam por nada. O poder local, por outro lado, age com excesso de eufemismo, possivelmente para garantir a satisfação e "paz" local.  Observando mais próximo uma fatia desse bolo, formada pela população de imigrantes brasileiros por exemplo, se por um lado vemos boa parte que ingressou nesse barco, com o simples objetivo de fugir da pobreza e abandono nas regiões norte e nordeste do Brasil, vemos também que muitos chegam já perdidos por aqui, buscando vida fácil e acreditando na lenda do dinheiro que nasce em árvores. Quase todos de baixa ou nenhuma escolaridade, acabam mantendo o mesmo estilo de vida, regado com álcool e baderna. Piora muito quando vemos a situação da mulher brasileira que faz esse processo de  imigração. Muitas casam com franceses que mal conhecem, não falam francês e eles tampouco o português. Recentemente, fui testemunha de uma cena que seguramente só existe por aqui, uma brasileira, casada com um francês e que esta a pouco tempo morando aqui, quando perguntada sobre o nome do marido para um cadastro , já que havia deixado o espaço sem resposta no formulário, não soube responder. Ligou para o marido e pediu para que a pessoa interessada perguntasse-lhe o nome. Fiquei tão chocada com a situação. Sei que por aqui, isso é comum. Casais que não conversam, ou nunca conversaram e que não sabem nem sequer seus nomes. Penso em que tipo de relação estão inventando por aqui, familias que não compartilham nada. Não estou querendo enquadrar as brasileira na falácia do espantalho, como muitos fazem por aqui. Quer dizer, desqualificar para melhor atacar. Contudo, por ser mulher e, principalmente, brasileira também, fico sim indignada com essa desvalorização humana de ambos os lados. Vejo o péssimo julgamento, na verdade chega a ser uma condenação preconceituosa, que fazem das brasileiras. Na postagem anterior, falei da ponte fechada para reparo por ameaça de desabamento. Pois bem, uma profissional que visitamos em Caiena, nativa local (criola), afirmou, indiretamente, que era culpa das brasileiras a ponte estar fechada e o todo caos formado a partir dali. Explicando melhor o absurdo do raciocínio, segundo a mesma, os franceses que trabalham para o governo não fazem nada por que, chegam na Guiana e arrumam logo uma mulher brasileira. E continuando, falou que eles acabam perdendo tudo por que são enrolados pelas brasileiras e que isso sim era muito bem feito. Com isso podemos medir o grau de confiabilidade que a reputação das brasileiras alcançou e melhor, o grau de preconceito contra as mesmas. Isso é Guiana, sei que acontece também em outras terras...

2 comentários:

JOAO BRAULIO DE OLIVEIRA disse...

vagando pela madrugada piracicabana, acabei encontrando seu bloq na internet. muito bacana, belo relato de seus ultimos meses nesta terra estranha. alcancei-o apos ler noticias da violencia contra brasileiros no suriname. sou medico, 43 anos, bem formado, estabelecido e bem sucedido, mas pouco conhecia sobre a guiana...ou as guianas. foi tentando obter informaçoes que encontrei seu blog. gostei muito e notei que poucos comentam seus relatos. assim, acredito que este comentario podera trazer-lhe alguma alegria. ou seja, nao se sinta solitaria neste mundo estranho. provavelmente muitos outros brasileiros tambem estejam lendo seus relatos e acabarão fazendo contato em futuro proximo. grande abraço para voce e seu marido, com votos de felicidades para 2010 JOAO E FAMILIA, PIRACICABA/SP

http://abebedorespgondufo.blogs.sapo.pt/ disse...

Bonne Année 2010.
Força de
Portugal

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Baú