terça-feira, 13 de outubro de 2009

Guiana francesa a 20 mil léguas do primeiro mundo...

Muitos dias se passaram, coisas aconteceram mas continuo com a certeza que aqui não tem nada de primeiro mundo. Com exceção do custo de vida, principalmente nos preços dos alimentos, o que vemos é o pior da América Latina e África. Estive grávida e, enfim mais feliz aqui, por culpa do destino, acho, tive a felicidade interrompida há alguns dias. Os fatos que se sucederam com o início dos sintomas do aborto foram dignos de história de cidade do interior do Brasil. Cheguei ao único hospital de Kourou, que fica perto de casa, às 13 horas, com cólicas e sangramento esperei por atendimento por 3 horas ou mais, numa emergência aparentemente vazia, a justificativa foi que havia apenas um médico atendendo. Após 4 horas fui atendida pelo médico, examinada e encaminhada ao ginecologista. Fui para outro setor do hospital, onde se localiza a maternidade e após mais espera, atendida por um ginecologista que verificou a interrupção da gestação. Este então me receitou um medicamento via oral que causa contrações violentas para expulsar o conteúdo uterino. Os comprimidos foram administrados por uma enfermeira e fiquei em observação por meia hora. Com fortes dores, fui liberada para casa, sem orientação para retorno ou exames posteriores. Já em casa, com piora da dor e vômitos que não permitiam o uso de analgésicos orais, retornei ao hospital. Novamente aguardei na emergência vazia por uma medicação mais eficaz para dor. Uma das enfermeiras comentou que esperar não era problema e que 5 minutos a mais ou a menos com dor não faria diferença. Os comentários dos profissionais, todos formados na França, país de primeiro mundo, me fizeram lembrar do que temos de pior no Brasil, em termos de saúde. E, comparando a situação que temos na saúde, numa cidade grande como o Rio de Janeiro, por exemplo, população muito maior e, condições de trabalho dos profissionais nos hospitais públicos infinitamente piores do que tenho visto em Kourou, não há atitudes como estas dos profissionais, frente a um paciente com dor. Verdadeiramente no Rio, apesar de todas as dificuldades, os profissionais são mais humanizados e solidários. Ganham pouco, trabalham mais contudo, tratam seus pacientes com mais respeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quanta tristeza, temos vivido os últimos tempos, em que cada um pensa somente em si próprio...
Abraços de Rosemary Koga. Macapá-AP

Anônimo disse...

ah vá...

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Baú