quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pisando em terreno desconhecido...

Finalmente chegamos ao aeroporto de Caiena. Antes do pouso já conseguia visualizar a imensidão de floresta amazônica com pequenos sinais de civilização localizados no meio do nada. Um frio na barriga apareceu subitamente e, em cólicas retornava e retornava. No desembarque uma recepção pouco calorosa por parte da polícia local. Até que o policial que nos atendeu não foi tão duro quanto imaginávamos, para resolver o problema com o visto, chegou a quase ser simpático... Um calor indescritível com a grande umidade deixava a respiração difícil, como o efeito do interior de uma sauna a vapor. Pegamos o carro no estacionamento, que não funcionou de imediato pois a umidade tinha colado o freio de mão. Saímos de Caiena e a paisagem continuava de floresta tropical, com poucas casas na beira da estrada até Kourou. Chegando em nosso destino, fiquei meio em choque com a imagem local. Um misto de medo, surpresa, nervosismo e espanto, tomava conta de mim. Não consegui controlar os sentimentos. Me senti num pais africano, como a Guine Bissau por exemplo. Não que tenha alguma coisa contra a África, até tentei ir em missão algumas vezes para lá. Mas não esperava que as condições de Kourou fossem tão precárias... Tive uma taquicardia súbita ao sair do carro pela primeira vez. Acho que com um certo preconceito da minha parte ao associar violência a jovens pobres da raça negra e em grupo. Fruto dos vários episódios violentos presenciados e vividos por mim no Rio de Janeiro. Conversei sobre isso com meu marido para tentar tirar essa ideia ruim da cabeça. Fomos ao supermercado, tudo muito, muito caro, com data de validade vencida e qualidade duvidosa. Gastamos 100 euros em algumas coisinhas (água, massa, enlatados). O custo de vida é altíssimo por aqui. Só ganhando muito mesmo. Tudo vem da França de navio ou avião, como o local não tem agricultura e indústria desenvolvida fica totalmente dependente da importação. O pior é que tem que obedecer os critérios de importação da França, não podendo por exemplo, importar diretamente do Brasil. Resultado, produtos caros e pelo calor e umidade, aliados ao tempo de estocagem e transporte, tudo com qualidade mais ou menos. Um problema ainda maior em relação às carnes e laticínios. A carne que já é cara e não muito boa na França, fica ainda mais cara e ruim por aqui. Não sei como sobrevive quem ganha pouco... Os muitos imigrantes ilegais por exemplo...

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